As línguas e a escrita do Antigo Testamento
Seminaristas: Marcela Cristina, Mônica, Cristina, Bruna, Sérgio e Mário
(Trabalho em cumprimento da disciplina Análise do Antigo Testamento, ministrada pelo Profº Pr. Luiz Fernando, do Seminário Teológico Batista da Pavuna).
Introdução
O Antigo testamento como vemos hoje, passou
por muitas mudanças. Durante séculos, ocorreu o processo de edição, compilação,
cópia e tradução, em diferentes lugares e épocas. Documentos de vários autores
durante quase um milênio escreveram, foram reunidos e transmitidos. Muito antes
de ser escrita, na verdade, muito antes do surgimento da escrita, a Palavra de
Deus já era passada de geração a geração sendo contada oralmente dentro das
famílias e das tribos, sendo passada de pais para filhos, onde se desenvolvia e
se mantinha firme a fé em um único Deus verdadeiro, Pai e Criador de todas as
coisas e que protegia e conduzia o Seu povo. Mas com o passar do tempo e a
criação da escrita houve-se a necessidade de transcrevê-la para que a sua
história não fosse perdida. A Bíblia foi escrita em rolos, que são chamados de
manuscritos, e tem a abreviatura de “MS” ou “MSS”. Estes escritos passaram por
diversos períodos até chegarem aos dias atuais. Os lugares originais onde eles
foram escritos vão desde a Arábia até Roma, passando pela Palestina e Egito e
todo o mundo helênico (Grécia antiga). Já o período ou datas exatas em que
foram escritos já é mais complicado tendo em vista que os textos mais antigos
que temos conhecimento já são cópias de cópias. Com a passagem da tradição oral
para a escrita tornou-se possível ao Velho Testamento passar para uma nova
etapa na transmissão da sua mensagem, num tempo em que o papiro e o pergaminho
já estavam em uso como materiais de escrita e com isso puderam-se passar todas
as histórias patriarcais para a forma escrita, evitando-se assim que se
perdesse completamente no tempo. Destes materiais se faziam longas tiras que,
convenientemente unidas, formavam os chamados “rolos”, uma espécie de cilindros
de peso e volume muitas vezes de considerável tamanho. Era nestes rolos que se
faziam as cópias dos textos preservando, assim, o seu conteúdo, com o passar
dos séculos cada vez mais se faziam novas copias e com isso, foi possível que o
Velho Testamento chegasse até nós, ainda que não os “autógrafos” originais
(manuscritos hebraicos), porque com o tempo todos desapareceram, foram
destruídos ou se deterioraram com o tempo.
Mas em que língua falavam e escreviam os
escritores bíblicos? Essa é uma das perguntas
que surgem quando consideramos a existência do antigo testamento nos
dias atuais, considerando os processos pelo qual ele passou durante milênios.
As
línguas e a escrita
Em sua maior parte o antigo testamento foi
escrito em hebraico, mas há alguns trechos escritos em aramaico (Gênesis
31.47; Esdras 4.8; a 6:18; Jeremias
10.11; 7.12-26; e Daniel 2:4 a 7:28). As duas línguas são membros de uma
família de línguas chamadas “semíticas”, palavra derivada de Sem, filho de Noé.
Os textos hebraicos mais antigos foram
escritos em caracteres paleo-hebraicos, emprestado dos fenícios e depois
adaptados. A escrita da pedra moabita é um exemplo de semelhança com o
hebraico.
hebraico
Hebraico
- As palavras hebraicas baseiam-se em geral em três letras, o significado
semântico da palavra será determinado pelo prefixo e sufixo. Exemplo: Melek
“rei”, malkâ “rainha”, Mamlakâ.”reino”.
Os tempos básicos são perfeito e
imperfeito, denotando qualidade de ação em lugar de tempo. A gramática hebraica
tende a se direta e simples.
Um dos nomes atribuídos ao hebraico é
“lábio (língua) de Canaã (Isaias 19:18), por causa da afinidade entre essa
língua e as outras línguas cananéias. As narrativas de Gênesis dão a entender
que a família de Abraão falava o aramaico e que o patriarca e seus descendentes
aprenderam um dialeto cananeu quando se estabeleceram em Canaã. Temos os
exemplo de Jacó que deu um nome hebraico à coluna de pedra, enquanto Labão
empregou o aramaico.
Aramaico
Aramaico – O aramaico foi adotado
como língua oficial diplomática e comercial, quando o império assírio começou a
entrar no Ocidente em meados do séc. VIII. No auge do império persa essa era a
segunda língua, se não a primeira, dos povos do oriente próximo, desde o Egito
até a Pérsia.
Foi a língua administrativa e religiosa de
diversos impérios da Antiguidade,
além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Esdras e Daniel,
assim como do Talmude.
O hebraico e o aramaico assim como as outras
línguas semíticas são escritos da direita para a esquerda. A escrita hebraica é
formada por 22 consoantes, e não existe letras maiúsculas no hebraico.
O
hebraico antigo era escrito sem vogais. A pronúncia correta era baseada na
tradição oral. As vogais escritas ou pontos vocálicos que aparecem em Bíblias
hebraicas impressas foram acrescentadas após 500 d.C. pelos massoretas, um
grupo de estudiosos que conseguiu padronizar a pronúncia do hebraico bíblico
conforme compreendiam.
Os
tempos básicos são perfeito e imperfeito, denotando qualidade de ação em lugar
de tempo. A gramática hebraica tende a se direta e simples.
O Texto
O rolo era o meio normal de preservação das
escrituras na época do Antigo Testamento.
O confeccionados de couro (pergaminhos) os
rolos são compostos de muitas partes costuradas e raspadas. O livro de Isaias
(IQIsa), compreende dezessete folhas costuradas que atingem cerca de 7,5 m de
comprimento. O escriba traçava linhas horizontais e perpendiculares sobre o
couro servindo como guias para linhas e colunas.
Porém, os documentos bíblicos mais antigos
eram escritos em papiros, que eram perecíveis. A transição do papiro para o
couro ocorreu nos últimos séculos pré-cristãos. Por volta de V a.C. usava-se
códices (livros) em lugar de rolos. Os instrumentos de escrita variavam muito.
O livro de Jeremias menciona uma pena de
ferro com ponta de diamante (17.1).
A
padronização do texto
Os escritos originais das escrituras, as
vezes chamados autógrafos, perderam-se, restando apenas cópias.
A ciência
e arte da crítica textual é a tarefa de detectar os erros e restaurar os
textos hebraicos e aramaico.
A escrita paleo-hebraica e o alfabeto
quadrado contêm letras que podem ser confundidas por causa da semelhança. Os
manuscritos antigos não possuíam marcações de versículos ou capítulos ,
careciam também de vogais e consoantes, gerando problemas na transmissão.
Algumas vezes um copista poderia substituir uma palavra mais comum por outra
mais obscura. Há medida que as letras hebraicas yod, vav e He, indicando
vogais, aumentou a quantidade de erros na grafia.
As vezes o escriba repetia uma letra,
palavra ou frase. Isso era conhecido como ditografia. O oposto é a haplografia
homoisteleutar (Gr. Final semelhate), quando os olhos do escriba saltavam de
uma frase para outra com final semelhante. Quando algo é omitido por causa do
inicio semelhante, o erro é chamado homoioarchton.
Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C o
judaísmo foi ameaçado pela descentralização associada a perda do templo.
Rabinos e escribas esforçaram-se para padronizar o texto para estudo e culto.
Os cristãos começaram a empregar a LXX – a septuaginta ou antigo testamento
grego.
Os massoretas garantiam a preservação do
texto, por volta de 500 d.C., assim como os escribas faziam notas textuais as
margens do manuscrito.
Poucas disciplinas do antigo testamento
exigem mais discernimento que a crítica textual.
Antes da descoberta dos manuscritos do Mar
Morto, os manuscritos hebraicos mais antigos datavam do séc. X d.C.
Acrescentado-se aos problemas das dificuldades que palavras e frases hebraicas
obscuras impunham aos antigos tradutores para o grego, siríaco e latim.
Nem todas as versões antigas, porém tem o
mesmo peso. Uma versão que depende da outra (as vezes chamada versão “secundária”
ou “filha”) não possui autoria igual a das versões primárias baseadas no texto
hebraico.
Há dúvidas quanto ao significado preciso de
algumas palavras, e a forma exata no texto hebraico é questionável em várias
passagens. Portanto estudiosos da bíblia são capazes de reconstruir o
significado provável na maioria das passagens bíblicas.
As
versões antigas
A expressão “versões antigas” refere-se a
certo número de traduções do Antigo Testamento feitas entre o fim da era
pré-cristã e os primeiros séculos da era cristã. A escassez de manuscritos
hebraicos antigos torna essas versões importantíssimas como testemunhas das
tradições textuais primitivas.
O Pentateuco samaritano – Por causa da
ruptura dos judeus e samaritanos, por volta de 100 a.C., os samaritanos tinham
desenvolvido uma forma própria de Pentateuco. Essa comunidade jamais aceitou os
profetas e os escritos, que se tornaram partes dos cânones judaico e cristão.
Mesmo não sendo rigorosamente uma versão, o
Pentateuco Samaritano preserva uma forma antiga do texto hebraico. Tanto judeus
como samaritanos talvez tenham feito leves alterações no texto para refutar as
alegações do outro grupo.
Ainda que não sobrevivam edições críticas
realmente precisas, o texto samaritano é útil como confirmação realmente
precisas, o texto samaritano é útil como confirmação de certas leituras antigas
nas versões, especialmente a LXX (septuaginta) , com que ela concorda, contra a
TM (textos massoréticos). Muitos fazem uma correção na grafia. Exemplo: o Dodanim do TM devia ser Rodanim em Gênesis 10.4 (cf. LXX e 1Cr.
1.7). Em Gênesis 22.13, o TM “viu atrás de si um carneiro” devia ser “viu um
carneiro” (cf.LXX). Essas alterações implicam mudança de r para d em uma palavra
hebraica, em letras que se assemelham muito tanto na escrita fenícia como na
escrita quadrada.
Os Targuns Aramaicos - As incursões do aramaico no hebraico como
língua falada após o retorno do exílio tornou necessária uma tradução aramaica
para acompanhar as leituras nas sinagogas. Orais de início, esses targuns
provavelmente começaram a assumir forma escrita pouco antes da era cristã. Os
principais problemas que impedem o uso de targuns escritos em estudos textuais
são a falta de boas edições críticas e a tendência de se tornar paráfrases ou
comentários em lugar de traduções.
Os targuns dos Escritos são muitos e
variados. A maioria é paráfrase, não a tradução, e a data tardia (século VII
d.C. e depois) diminui sua utilidade para estudos textuais.
A
Septuaginta (LXX) -
A história da LXX não está só escondida na antiguidade, como também obscurecida
por lendas judaicas e cristãs que destacam sua origem miraculosa. De acordo com
essas lendas, os tradutores trabalharam isolados uns dos outros e, mesmo assim,
produziram traduções que concordavam.
Denominada de acordo com o número tradicional de tradutores (lat. Septuaginta, “setenta”, portanto, LXX),
parece ter surgido na comunidade judaica de Alexandria entre 250 e 100 a.C. a
pergunta mais importante entre os estudiosos da LXX é se existiu algum dia uma
tradução autorizada que deu lugar a muitas revisões. Alguns dizem que não,
assemelhando seu desenvolvimento ao dos targuns: várias traduções não oficiais
foram feitas de acordo com a necessidade, com o texto um tanto padronizado no
início da era cristã, quando se tornou o Antigo Testamento autorizado da igreja
. Outros, que hoje parecem maioria, encontram na profusão de revisões indícios
de uma tradução original.
Outras
versões gregas -
Com a disseminação do uso da LXX entre os cristãos, as comunidades
judaicas da Diáspora voltaram-se para outras traduções gregas. No início do
século II a.C., Áquila, um gentio convertido ao judaísmo e, talvez, discípulo
do rabino Akiba, produziu uma leitura rigidamente paralela ao texto, de modo
que foi rápidamente adotada por muitos judeus.
No final do mesmo século, Teodósio, ao que
parece também prosélito, revisou uma tradução mais antiga, produzindo uma
versão que se mostrou mais popular entre cristãos que entre judeus.
A
Versão Siríaca - Em geral chamada Peshita, interpretada como
“simples”, ou, a versão mais simples. O
siríaco é um dialeto do aramaico e essa tradução ocorreu aparentemente nos
primeiros séculos da era cristã. A versão da Peshitta do Antigo
Testamento é uma tradução independente, baseada na maior
parte em um texto Hebraico
similar ao texto massorético. Em algumas passagens os tradutores usaram
claramente a Septuaginta grega.
A influência da Septuaginta é particularmente forte em Isaías e
nos Salmos, provavelmente
devido ao seu uso na liturgia.
Seu valor para estudos textuais é limitado porque: partes do Pentateuco parecem
depender do targum palestino e por causa da influência da LXX em algumas
passagens, de modo que concordâncias entre as duas às vezes podem ser
consideradas um simples testemunho de uma leitura antiga.
As
Versões Latinas -
As traduções latinas foram primeiramente necessárias no norte da África
e no sul da Gália e depois em Roma. Baseadas na LXX, as traduções latinas
antigas (150 d.C) são mais valiosas como testemunhas do texto grego que como
auxílio no esclarecimento do hebraico.
A variedade das muitas traduções latinas antigas
causou para a igreja latina o problema de escolher o texto a ser empregado na
liturgia e nas discussões teológicas. O papa Dâmaso I (382 d.C.) mandou
Jerônimo, um estudioso, produzir uma versão autorizada. Partes da tradução de
Jerônimo são baseadas no texto hebraico, embora outros textos, em especial
Salmos, baseiem-se em versões gregas.
A Vulgata de Jerônimo, aceita pelas pessoas
comuns ou populares, é limitada para a crítica textual, pois suas leituras são
dependentes do TM ou de uma das versões principais.
A versão de Jerônimo só passou a ser
reconhecida no Concílio de Trento em 1546. Por passar séculos sem ser
reconhecida, ficou sujeita a alterações editoriais influenciadas por outras
traduções latinas. Assim, a Vulgata, a versão católica romana autorizada, exige
grande dose de cautela da pessoa que emprega suas leituras para corrigir o TM.
Outra
versões secundárias -
As outras traduções principais do Antigo Testamento são testemunhos importantes
de disseminação do cristianismo e do zelo dos missionários em transmitir a
palavra de Deus. Elas são importantes para a reconstrução da história dos
textos em que se basearam do que para a correção do texto hebraico.
Entre elas estão: as traduções coptas que
foram produzidas por volta do século III e IV d.C, para a população agrícola do
Egito; a tradução etíope de XIII d.C., dependentes da LXX, mas alteradas sob a
influência de versões arábicas medievais; as versões armênia e a arábica que
datam do séc. V e é baseada na Peshita e na LXX, baseadas num aglomerado de
versões que surgiram no Egito, Babilônia e na Palestina, que foram
baseadas numa variedade de versões
hebraicas ou samaritana, LXX, Peshita e copta. A mais antiga talvez tenha sido
a pré-islâmica (600 d.C.), mas a maioria é alguns séculos mais recente.
Conclusão
O Antigo Testamento forneceu o cenário para o
surgimento do Messias. Graças à homens que se dispuseram no trabalho da cópia e
tradução do Antigo Testamento, que hoje podemos ter acesso as sagradas
escrituras.
.
BIBLIOGRAFIA
LIVROS:
·
LASOR,William S.,HUBBARD, David
A.,BUSH, Frederic W. INTRODUÇÃO AO ANTIGO TESTAMENTO.1º edição.São
Paulo.Editora Vida Nova.1999.
·
GILBERTO, Antonio. A BÍBLIA
ATRAVÉS DOS SÉCULOS. 3ª edição. Rio de Janeiro. Editora CPAD.1994.
ARTIGOS:
·
http://www.ibmorumbi.com.br/biblia/origem.asp
·
http://www.monergismo.com/textos/idiomas/linguagem_antigo_testamento_isaias.pdf
·
http://finslab.com/enciclopedia/letra-v/versoes-siriaca-da-biblia.php
·
http://pt.wikipedia.org/wiki/Peshitta
0 Comentários
Sejam bem-vindos. Antes de sair não deixe de comentar. Obrigado.