História e Literatura da Introdução ao Novo Testamento

 História e Literatura da Introdução ao Novo Testamento 





O objetivo nesta parte é dar uma perspectiva histórica para o leitor da pesquisa do Novo Testamento. 

As principais escolas são abordadas, tendo início na igreja dos primórdios até a história da literatura (Die Literaturgeschichte): são 6 os grupos de abordagens introdutórias ao Novo Testamento. 

 Períodos: 

1. “Tanto a igreja dos primórdios como a da Idade Média apenas esporadicamente demonstraram interesse nas circunstâncias da composição dos livros do NT relacionadas com o problema do cânon (prólogo às epístolas paulinas e aos evangelhos, cânon de Muratori, Orígenes, Dionísio de Alexandria). Os Introductores scripturae divinae (Ticômio, Agostinho, Adriano, que cerca de 450 escreveu uma Introdução aos Escritos Divinos, Euquério, Junílio Africano), reunidos por Cassiodoro, são mais expositores que propriamente introdutores.” 

 2. No período da Reforma surgiram, entre católicos e protestantes, estudos sobre a origem dos livros canônicos do Novo Testamento. 

3. Tempos da Reforma: - Crítica Textual: o Richard Simon, oratoriano, partindo da crítica textual nas suas três obras sobre Histoire critique do Nouveau Testament (1689-1693), abriu caminho para uma introdução do Novo Testamento de caráter científico. o Simon tratou da tradição manuscrita e da origem de cada escrito em particular. - Análise sob o ponto de vista histórico: o MICHAELIS, J. D., Einleitung in die göttlichen Schriften des Neuen Bundes (1750, 4a ed. 1788) – obra escrita por Michaelis sob a influencia de Richard Simon. o SEMLER, J.S., Abhandlung von freier Untersuchung des Canon (1771- 1775) – nesta obra, Semler trata da origem histórica do cânon do Novo Testamento. o EICHHORN, J.G., Einleitung in das Neuen Testament, (5 volumes, publicados entre 1804 e 1827) – consiste na primeira pesquisa livre das opiniões preconcebidas a respeito da origem do cânon e do texto do Novo Testamento. o Junto a Michaelis, Semler e Eichhorn estão ainda: de Wette, Schleiermacher, Credner, Reuss, Hug e outros. 

4. F. C. Baur e a Escola de Tübingen - Faziam parte desta escola F. C. Baur, A. Zeller, A. Hingenfeld,e A. Ritschl (nos seus inícios). - Baur definiu a introdução como sendo a crítica do cânon, ou ciência cuja tarefa é investigar a proveniência e a originalidade dos escritos canônicos. - A origem dos escritos canônicos deve ser entendida dentro do contexto maior dos conflitos espirituais das eras apostólicas e pós-apostólicas. Esta é interpretada pela lógica hegeliana (tese – antítese – síntese). - Baur entende que o cristianismo apostólico foi marcado pela oposição entre o cristianismo judaizante dos primeiros apóstolos, e o evangelho universalizante e liberto da Lei, de Paulo.- Baur entende ainda que o cristianismo pós-apostólico foi marcado pela atenuação desta oposição mediante concessões e compromissos, alcançando uma posição intermediária para fazer frente à oposição gnóstica e montanista do século II. - A Escola de Tübingen adotou o “criticismo tendencioso” (Tendenzkritik), indicando que cada escrito do Novo Testamento foi elaborado independentemente de qualquer tendência definida. - Para a Escola de Tübingen, Gálatas, I Coríntios, II Conríntios e Romanos são testemunhos do evangelho paulino. O Apocalipse seria um documento ebionista. Fora estes, todos os outros documentos são inautênticos e de tendência unionista – a começar pelos evangelhos sinóticos e Atos, escritos do tempo de ajustamento e solução das dúvidas da oposição; até chegar em João, onde a síntese e conclusão pacificadora é feita (In: BAUR, F.C., Kirchengeschichte der 3 erste Johannes (1853, 3a ed. 1863). - As teorias de Baur foram modificadas pelos membros da escola, e o “radicalismo critico” da Escola de Tübingen, principalmente no questionamento da origem paulina das principais epístolas tradicionais, acabou por sucumbir (ver: JÜLICHER, A., Einleitung is das Neuen Testament, 7a ed. 1931, pp. 22s). - Contribuição da escola: a percepção de que a história da literatura cristã primitiva sópode ser investigada em relação estreita com a história interna e externa do cristianismo primitivo. 

 5. Desenvolvimento da Ciência Protestante Obras críticas HOLTZMANN, H.J.; JÜLICHER, A.; HARNACK, A.; WEISS, B. e ZAHN, Th. Estudos de caráter popular SCHLATTER, A.; VON SODEN, H.; DIBELIUS, M; KOCH, K., BORNKAMM, G. Obras inglesas e americanas GRANT, R.M., A Historical Introduction to the New Testament, 1964. Obras de caráter semi-popular Obras em língua francesa Bibliografia católica SCHREINER, J.; DAUTZENBERG, G., Gestalt und Auspruch des Neuen Testament, 1969. 

6. Análise Histórico-literária - até o século XIX, o pensamento crítico-literário com suas indagações sobre as fontes e interdependências dos escritos do Novo Testamento prevaleceu. - No século XX surgiu, por influência do pensamento de Herder e das pesquisas veterotestamentárias, um interesse concentrado nos gêneros literários e nas categorias estilísticas do Novo testamento. - O texto não é visto mais no tocante à sua produção por um autor individualmente tomado, mas é analisado a partir da pré-história da forma do material que lhes veio ter às mãos. - A origem pré-literária da tradição cristã-primitiva é observada segundo a analogia do desenvolvimento da tradição popular de maneira geral (Sitz im Leben) com o substrato das formas tradicionais da literatura cristã primitiva. Isto pode ser demonstrado pelo seguinte esquema:- As influências para esta leitura são: o estudioso do Antigo Testamento, Hermann Günkel; o teólogo Henrici e A. Deissmann; e estudiosos da antigüidade, como E. Norden. - Crítica de Kümmel ao método histórico-literário: o volume de sua pesquisa ainda é insuficiente. - Elogio de Kümmel ao método crítico-literário: reconhece a literatura cristã primitiva como expressão da vida da cristandade primeva e da compreensão das suas motivações religiosas. - Limite do método crítico-literário: este nunca poderá tornar dispensável a história da literatura, cujo objeto material é a história da origem de uma literatura. Kümmel afirma, pela impossibilidade de datar muitos escritos do NT, manter a seqüência do cânon  do NT, com exceção de Lucas e Atos, e proceder cronologicamente com as epístolas paulinas.

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