Princípios e processos de Interpretação Bíblica e sua história
Tema: Princípios e processos de
Interpretação Bíblica e sua história
1- Exegese judaica Antiga
2- Uso do Antigo Testamento pelo Novo Testamento
3- Exegese patrística
4- Exegese da Reforma
Midrash (tipo de interpretação)
O Midrash Hagadá de caráter
ilustrativo-narrativo lendário ou tradição oral, e o Midrash Halachá,
que possui um caráter normativo-jurídico.
Escolas de pensamento judaico
(Hilel e Shamai)
Hilel e Shamai foram dois de nossos maiores Sábios,
cujas discussões sobre a Lei Judaica resultaram na criação de duas escolas de
pensamento: a escola de Hilel – que era, geralmente, mais leniente – e a escola
de Shamai – que era mais rígida quanto às Leis da Torá. Ensina o Talmude que os
ensinamentos de ambas as escolas refletem a Vontade Divina, mas que nós devemos
seguir as diretrizes da escola de Hilel. Porém, na era messiânica, ensinam os
nossos Sábios, a Torá será seguida conforme os ensinamentos da escola de
Shamai.
O estudo da história da
interpretação bíblica começa, em geral com a obra de Esdras. Ao voltar do
exílio da Babilônia, o povo de Israel solicitou a Esdras que lesse o
Pentateuco. Neemias 8:8 lembra: “dando explicações, de maneira que entendessem
o que se lia”.
Perdendo o povo a compreensão do
Hebraico devido aos anos de cativeiro, logo Esdras e seus ajudantes liam em
aramaico em voz alta, como foi pedido pelo povo ao profeta. Esdras explicando o
significado. Assim começou a ciência e arte da interpretação bíblica. Os
escribas copiaram a escrituras, crendo que cada letra do texto era a Palavra de
Deus inspirada. Os rabinos pressupunham que sendo Deus o autor da Escritura,
poderia esperar numerosos significados em determinados texto.
No tempo de Jesus, a exegese
judaica podia classificar-se em quatro tipos principais: literal,
midráshica, pesher, e alegórica.
v O método literal de interpretação, referido
como peshat e servia de base para outros tipos de
interpretações. Tais como: literalísticas da literatura talúdica.
v A interpretação midráshica incluía uma variedade de
dispositivos hermenêuticos que se haviam desenvolvido de maneira considerável
no tempo de Cristo e continuaram a desenvolver-se ainda por diversos séculos.
v A interpretação pesher existia particularmente
entre as comunidades de Qumran. Esta forma emprestou extensivamente das
praticas midráshicas, mas incluía um significativo enfoque
escatológico. A comunidade acreditava que tudo quantos os antigos
profetas escreveram tinha significado profético velado que devia ser
iminentemente cumprido por intermédio de sua comunidade do pacto. Era comum a
interpretação apocalíptica juntamente com a ideia de que, mediante o Mestre de
Justiça, Deus tinha revelado o significado das profecias outrora envoltas em
mistério.
v A exegese alegórica baseava-se na ideia de que
o verdadeiro sentido jaz sob o significado literal da escritura.
Historicamente, o alegorismo foi desenvolvido para os gregos para reduzir a
tensão entre sua tradição de mito religioso e sua herança filosófica. O tempo
de Cristo, os judeus que desejavam permanecer fiéis as tradições mosaicas
adotavam a filosofia grega, defrontavam-se com uma tensão semelhante. Alguns
judeus a reduziam alegorizando a tradição mosaica. O Filão (c.20 a.C – c.50
d.C.) é bem conhecida neste aspecto.
O uso do Antigo Testamento pelo
Novo
Aproximadamente 10% do Novo
Testamento constitui-se de citações diretas, de paráfrases do Antigo Testamento
ou de alusões a ele. Como consequências, um significativo corpo de literatura
exemplifica os métodos interpretativos de Jesus e dos escritores do Novo
Testamento.
Jesus faz uso do Antigo
Testamento
Ele foi uniforme no tratar as
narrativas históricas como registros fiéis do fato. As alusões a Abel, Noé,
Abraão, Isaque, Jacó, e Davi, por exemplo, parecem todas intencionais e foram
entendidas como referências a pessoas de carne e osso e a eventos históricos.
Quando Jesus fazia aplicação do
registro histórico, ele o extraia do significado moral do texto, contrário ao
sentido alegórico.
Jesus denunciou o modo como os
dirigentes religiosos haviam desenvolvido métodos casuísticos que punham à
parte a própria Palavra de Deus que eles alegavam estar interpretando, e no
lugar dela colocavam suas próprias tradições (Marcos 7:6-13; 15:1-9).
Os escribas e fariseus, nunca
acusaram Jesus de usar as escrituras de modo antinatural ou ilegítimo. Mesmo
quando Jesus repudiava diretamente os acréscimos e as interpretações errôneas
dos fariseus com relação ao Antigo Testamento (Mateus 5: 21-48), o registro
bíblico diz-nos que “estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque
ele as ensinava como que tem autoridade, e não como os escribas” (Mateus 7:28-29).
O uso Que os Apóstolos Fizeram do
Antigo Testamento
Os apóstolos acompanharam seu
Senhor e consideraram o Antigo Testamento como a Palavra de Deus inspirada (2
Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:21). Em cinquenta e seis casos, pelo menos, há
referencia explica a Deus com o autor do texto bíblico. Á semelhança de Cristo,
eles aceitaram a exatidão histórica do Antigo Testamento (e.g., Atos 7:9-50;
13:16-22; Hebreus 11).
A exegese Patrística (100-600 d.
C)
A despeito da pratica dos
apóstolos, uma escola de interpretação alegórica dominou a igreja nos séculos
que se sucederam. Esta alegorização derivou-se de um propósito digno – o desejo
de entender o Antigo Testamento como documento cristão. Contudo, o método
alegórico segundo praticado pelos pais da igreja muitas vezes negligenciou por
completo o entendimento de um texto e desenvolveu especulações que o próprio
autor nunca teria reconhecido.
Clemente de Alexandria (c.150-c.
215)
Exegeta patristico de nomeada,
Clemente acreditava que as escrituras ocultavam seu verdadeiro significado a
fim de que fôssemos inquiridores, e também porque não é bom que todos entendam.
Ele desenvolveu a teoria de que cinco sentidos estão ligados à Escritura
(histórico, doutrinal, profético, filosófico, e místico) com as mais profundas
riquezas disponíveis somente que entendem os sentidos mais profundos.
Orígenes (185? – 254?)
Orígenes foi o notável sucessor
de Clemente. Ele cria ser a Escritura uma vasta alegoria na qual cada detalhe é
simbólico, e dava grande importância a 1 cor. 2:6-7 (“falamos a sabedoria de
Deus um mistério”). Orígenes acreditava que assim como o homem se constitui de
três partes – corpo, alma e espírito- da mesma forma a Escritura possui três
sentidos. O corpo literal, a alma o sentido moral, o espírito o sentido
alegórico ou místico. Na pratica Orígenes tipicamente menosprezou o sentido
literal, raramente se referiu ao sentido moral, e empregou constantemente a
alegoria uma vez que só ela produzia o verdadeiro conhecimento.
Agostinho (354 – 430)
Em termos de originalidade e
gênio, Agostinho foi de longe o maior homem da sua época. Em seu livro sobre a
doutrina cristã ele estabeleceu diversas regras para exposição das Escrituras.
1. O interprete deve possuir fé
cristã autêntica.
2. Deve-se ter alta conta o
significado literal e histórico da Escritura.
3. A escritura tem mais que um
significado e, portanto o método alegórico é adequado.
4. Há significado nos números
bíblicos.
5. O Antigo Testamento é documento
cristão porque Cristo está retratado nele do princípio ao fim.
6. Compete ao expositor entender o
que o autor pretendia dizer, e não introduzir no texto o significado que ele,
expositor, quer lhe dar.
7. O interprete deve consultar o
verdadeiro credo ortodoxo.
8. Um versículo deve ser estudado em
seu contexto, e não isolado dos versículos que o cercam.
9. Se o significado de um texto é
obscuro, nada na passagem pode constituir-se matéria de fé ortodoxa.
10. O Espírito Santo não toma o lugar
do aprendizado necessário hebraico, grego, geografia e outros assuntos.
11. A passagem obscura deve levar em
consideração que a revelação é progressiva.
Exegese da Reforma
Lutero (1483 – 1546)
Lutero acreditava que a fé e a
iluminação do Espírito eram requisitos indispensáveis ao interprete da Bíblia.
Afirmava ele que a Bíblia devia ser vista inteiramente distintos daqueles com
os quais vemos outras produções literárias.
Lutero sustentava, também, que a
igreja não deveria determinar o que as escrituras ensinam; pelo contrário, as
Escrituras é que deveriam determinar o que a igreja ensina.
Rejeitou o método alegórico
de interpretação. Um dos grandes princípios hermenêuticos de Lutero dizia que
se deve cuidadosa distinção entre a Lei e o Evangelho. Para Lutero,
a Lei refere-se a Deus em sua ira, seu juízo, e seu ódio ao pecado; o Evangelho
refere-se a Deus em sua Graça, seu amor, e sua salvação.
Calvino (1509 – 1564)
O maior exegeta da reforma foi, provavelmente, Calvino,
que concordava, em geral, com os princípios por Lutero. Ele, também, acreditava
que a iluminação espiritual é necessária, e considerava a interpretação
alegórica como artimanha de satanás para obscurecer o sentido da Escritura. “A
Escritura interpreta a Escritura”. Método de Calvino: Contexto, da
gramatica, das palavras, e de passagens paralelas, ou seja, somente afirmar
aquilo que o próprio autor afirma. Logo os princípios hermenêuticos de Calvino
foram mais eficientes que os de Lutero, sendo Calvino e Lutero grandes
norteadores da interpretação ortodoxa.
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